segunda-feira, 12 de julho de 2010

Respeito

Uma frase solta no ar pescada por uma atrevida audição: "Eu não o desrespeitei, o que fiz não foi nenhum desrespeito. Não posso fazer nada se ele se ofendeu." Esta frase é muito interessante, pois vemos como a relatividade humana se apresenta de forma tão sutil que por vezes não a notamos.

É possível perceber duas pessoas, uma agiu de determinada forma, a outra se sentiu desrespeitada com ação da primeira. Acontece que quando a primeira pessoa agiu, se baseou em critérios de respeito que regram sua própria pessoa, ou seja, ele agiu de uma forma que acreditava ser respeitosa, pois o seria para si. Porém, o outro se ofendeu, pois a ação feria suas regras de respeito.

O problema está na regras. não por existirem, pois elas sempre vão existir, construímos para explicar e nos orientar no espaço social, mas na rigidez com que se apresentam. Essas regras possuem, em sua construção, grande influência do ambiente social, porém a própria psique se mostra como um fator diferenciador. Assim, mesmo irmão gêmeos, criados juntos, terão regras diferente. O conflito surgirá quando tentamos classificar todo o mundo por nossas próprias regras, quando as imaginamos universais.

Quando isso acontece passamos a julgar os outros a partir de nossas próprias regras e atribuímos valores de caracter para os outros. Por isso, uma ação normal para uma pessoa se tornou desrespeitosa para outra. Neste caso o ideal era que o agente se preocupasse um pouco mais em conhecer as regras do outro, e o paciente tentasse perceber que o primeiro agiu de acordo com suas convicções, assim, sem nenhuma intenção de gerar um desconforto.

Em nosso egocentrismo reside grande parte dos problemas de comunicação, já que sempre nos colocamos como aqueles que possuem e seguem as regras universais.

Ulisses Carvalho

sábado, 22 de maio de 2010

O retorno / Cavalheirismo

Eu voltei, agora pra ficar........

Estive muito ausente. De certa forma estava jogando toda a minha carga emocional em outros ambientes, como o Cérebro Masculino e principalmente nas muitas matérias da faculdade.

Porém, senti muita falta de um local para me expressar com liberdade. Onde eu posso colocar o que eu quiser como e quando desejar.

Pois bem, estive nesses últimos dias passando por uma reformulação interna(outra).Numa faculdade de Psicologia é impossível para quem pensa não associar com o mundo à sua volta. Não digo que saio catalogando todos na rua, não é isso, mas passei a ver de outra forma as relações. Principalmente as sexo-afetivas e as sociais.

Certa vez fui a um café da manhã de ex-alunos do meu antigo colégio São Bento do RJ. Este só aceita meninos. Seu alunos são instigados a se sentirem superiores aos demais e principalmente superiores às mulheres. Sempre disse isso, mas foi um diálogo neste dia que eu pude perceber que isso era mais explícito do que eu imaginava.

Uma pessoa que nunca tive muito contato se aproximou. Começamos a conversar, quando eu expus minhas questões com o colégio. Ele, imediatamente, colocou o quanto era orgulhoso de ser ex-aluno e que, se algo o tornava especial, era o fato de ter pertencido àquele colégio. Também afirmou que se sentia superior aos outros, mas com muito orgulho disse que era capaz de disfarçar isso com educação.

Depois, em outra parte da conversa revelou que se sentia superior as mulheres, e que usava o cavalheirismo para escondê-lo.

Então podemos calcular que: machismo + educação = cavalheirismo

É muito importante lembrar que ser gentil e educado é muito importante, mas por que fazer distinção entre homens e mulheres? Qual a diferença entre os gêneros que faz um grosso com outros homens se tornar uma flor com outras mulheres? Será que não é por achar que essas mulheres são inferiores e precisam da ajuda masculina para viverem? Será que essa pessoa não acredita que se não fizer para a mulher ela nunca será capaz de fazer? Será que muitas mulheres também não deixam de tentar sabendo que um homem pode resolver por elas?

Devemos sempre buscar um equilíbrio entre uma relação. É evidente que temos nossos limites, mas isso não é motivo para não tentarmos quebrá-los. Se numa relação existir uma escala de superioridade e inferioridade entre os parceiros, o companheirismo - atributo fundamental numa relação ao meu ver - se tornará inviável. Somos todos limitados, somos todos imperfeitos, somos todos frágeis, somos todos fortes, somos todos humanos, somos todos diferentes, somos todos iguais.

Ulisses Carvalho

quinta-feira, 11 de março de 2010

Histórias

Se pudéssemos parar nossa vida por algum tempo e viver outra. Teríamos a experiência de duas vidas. Assim poderíamos nos tornar mais preparados e tomar caminhos baseados em novas perspectivas.

O interessante é que isso já existe. São livros, filmes, séries, novelas, jogos e etc.
Em todos podemos presenciar e até interagir em histórias. Vendo os personagens e suas escolhas no desenrolar da história acrescentamos em nós mesmos experiências. Assim funcionaríamos com uma Gaia, que evolui conforme acumula experiências dos seres vivos que retornam a ela.

Essa capacidade de crescermos com o outro, é fundamental na evolução humana. Justifica nossa preocupação com o aprendizado e a manipulação da história. A partir de nosso potencial empático pudemos aprender sem ao menos nos expor.

Viver em comunidade nos gera ferramenta que nem ao menos nos damos conta. Observando nosso ambiente podemos viver melhor pois aprenderemos mais.

terça-feira, 9 de março de 2010

Drogado

Ando drogado esses dias. Após meses de uma intensa queda de felicidade, cheguei ao ponto de perder toda a esperança e vislumbrar o fim, não mais uma sombra disforme, mas algo palpável e terrivelmente real.

Lutei contra o desespero com todas minhas forças. Não havia um dia sem dor. As lágrimas vinham até os olhos, mas graças à uma psique doente e masoquista, elas voltavam, não me dando o alívio do choro. As cores tinham-se ido, os sons não mais me ligavam ao mundo, me torturavam. Qualquer momento em que me encontrava sem atenção condicionada era sufocante e aterrador.

Aí veio a droga. Confesso que não fui eu quem a procurou, tão pouco a administrei. Porém, tive escolha, e aceitei de bom grado. Sei de suas possíveis conseqüências negativas, mas nada mais posso fazer. Ela está em minha mente, deixando-me feliz. Gera energia aos músculos, antes pesados e fracos. Torna minhas previsões otimistas. Devolve as cores e a música. Torna os momentos vazios em deliciosos momentos de reflexão. Quase abandono o blog, já que este surgiu como uma forma de lidar com esta dor, que por hora se foi. Voltou para as sombras.

Esta droga porém é muito perigosa, pois meu organismo não suporta seus efeitos negativos. Sei que estes podem nunca aparecer, mas se assim o fizerem não haverá nada que segurará minha queda.

Esta droga é a esperança que corre em minhas veias, em minha mente, em minha alma. Infelizmente a realidade, se não for mudada pode destruir seu efeitos e trazer como uma avalanche toda a tristeza, em dobro. Mas estarei sendo tolo se não aproveitar este bom momento. Se o pior acontecer, será definitivo, logo, não devo me ocupar previamente com isso. Viverei cada momento, e se a realidade respaldar a esperança, estarei livre, se não...só vivendo para saber.

terça-feira, 2 de março de 2010

A vida tem sempre razão?

Será que aceitação e desistência se relacionam? Aceitar pode ser mostrado como a desistência da mudança? Ou aceito quando percebo que a mudança não é necessária?
Sendo assim a aceitação estaria intimamente ligada ao preconceito. Afinal, somente tendo um conceito formado do que é ideal eu questiono a forma real. Desse questionamento surge a vontade da mudança, de tornar ideal o que não é.

Porém, nossa existência não se limita ao intelectual, e é colorida pelas vastas tonalidades das emoções. O processo da mudança não as escapa. Inicialmente podemos identificar duas emoções fortes: a desencaixe da realidade e o medo da mudança. Temos também a expectativa que carrega seu irmão feioso: a frustração. Logo podemos perceber que é a partir do preconceito que tudo se desenrola.

Com este ponto me vem a pergunta, se a frustração pode gerar uma dor insuportável ao aparelho psíquico, podemos escapar de suas garras mudando nossos conceitos? Aceitando a existência? Mas isso não seria desistir de atuar, de viver? Poderíamos estar enganados todos sobre nossa função na vida, prejudicando a existência com nossos preconceitos? Será que a vida tem sempre razão?

Se alguém tiver a resposta, favor postar. Estarei esperando, tomando chá e mudando.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Novo Projeto

Agora sou integrante do site www.cerebromasculino.com e espero fazer o melhor trabalho que puder.

The Wind Of Change

Certa vez ouvi um frase na qual acreditei por muito tempo, dizia: "As pessoas mudam quando a dor de continuar o mesmo for maior que o medo da mudança."

Hoje tenho uma visão diferente. É bem verdade que a mudança a assustadora. Temos apenas nosso intelecto e nossas experiências para obter uma previsão, mas são insuficientes. Por isso a incerteza é uma característica mestra no processo de mudança. Porém, existe motores diferentes da dor, como o amor ou a perspectiva de transformar em ótimo o que já e bom.

Nessa semana o Vento da Mudança soprou vigorosamente. E, apesar do medo de falhar com meus novos compromissos, sinto-me entusiasmado e feliz.

Mudanças trazem novos começos, o que nos permite mudar com menos esforço, já que toda nossa vida se mostra mais fluida nesse período. Acredito que continuar a ser o mesmo não é uma falta de escolha, mas sim as mesmas escolhas sendo feitas ciclicamente. Quebar este ciclo é o que nos faz evoluir.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Sobre Cavaleiros e Dragões

O mundo nerd ao qual pertenço é recheado de histórias que de alguma forma se repetem em games, quadrinhos, animes e mangás e RPG`s. Uma muito comum envolve um cavaleiro escolhido pelo destino (pode ser um garoto estudante se for japonês) e um terrível dragão que ameaça a paz de todos. O interessante é que não há muita discussão, o bem e o mal são facilmente definidos.

Percebo que utilizamos o mesmo padrão para nossas vidas. Salvo raríssimas exceções, nos vemos como cavaleiros de nossa própria história. Somos sempre os mocinhos. Aqueles que se opõem a nós são os vilões, nossos dragões.

O problem surge aí. Somos 6,6 bilhões de cavaleiros e quase nenhum dragão. Mas espera aí? Onde estes estão? São os outros, aqueles que em suas históris são heróis. Mas, se outros são dragões e cavaleiros, não seremos nós também? É fácil sermos nossos mocinhos, mas nas histórias de outros, somos os vilões. Ou seja, a Branca de Neve só é a heroína pois a perspectiva da história está nela. Se fossemos observar pela perspectica da madrasta, a Branca seria uma vilã, junto com seus 7 amiginhos.

O quanto somos negativos na vida de outras pessoas? Quantas pessoas nos magoam sem se darem conta?

6,6 bilhões de histórias. 6,6 bilhões de cavaleiros. 6,6 bilhões de dragões. Um planeta, uma chance, uma vida... difícil.....

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Atividade Injusta

Quantas vezes na vida um homem se sente desejado?

Faço essa pergunta a algum tempo. Em uma conversa com amigos, recebi a resposta que uma mulher mostra seu interesse pelo parceiro estando com ele. Se ela não o quisesse, não estaria. Acho que seja insuficiente para a demanda de carência masculina.

Entendo que nas condições sociais atuais, a mulher ainda ocupa uma posição passiva na relação. Tendo como responsabilidade aceitar ou rejeitar aquilo que lhe é oferecido. Como exemplo temos a boite, onde o homem chega e a mulher fica ou não. Acredito que a grande maioria das mulheres exercem esse papel, ficando a cargo dos homens fazerem a abordagem. É então que a problema surge. Uma abordagem bem sucedida não garante ao homem que foi escolhido. Diferente da mulher que ao ser abordada tem, mesmo que por uns instantes, uma atenção que nenhuma outra está recebendo. Ou seja, ela está sendo escolhida, é mais desejada que outras.

Com o homem, a aceitação pode ocorrer por qualquer motivo: real interesse, causar ciúmes, achar a cantada engraçada ou outro. Na verdade, a escolha feminina é extremamente limitada, efeito da passividade, assim, não é um indicativo válido para o homem. Uma boa prova disso é a quantidade de vezes que os homens podem dizer não. Normalmente essa situação não existe.

Ainda estamos muito longe de um real companheirismo, onde liberdades e responsabilidades serão divididas igualmente, e um homem possa se sentir desejado por si mesmo. Com essa mudança, as mulheres poderiam realmente escolher seu parceiros, demonstrando claramente suas intenções sem que isso seja vulgar ou recriminável. Espero que estejamos caminhando para isso.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Felecidade Carnavalesca

Carnaval terminou, mas o bloco Mulheres de Chico nào deixou de fazer uma belíssima apresentação com direito a samba em japonês. Quem melhor do que o grande Chico para nos fazer pensar entre um samba e outro?

Tenho a crença que muitas músicas desse autor nos alertam para a ilusória e fugaz "felicidade" carnavalesca. Esta sensação tem um nome muito conhecido: euforia. É verdade, como uma droga, seu efeito é arrebatador, mas passageiro. A pergunta que me fiz foi: Qual o problema que essa euforia poderia trazer?

Viver esta euforia não me parece um problema, mas é preciso saber que vai passar (como diria Chico). Não é um estado normal, nem constante. Não o é, pois não deveria ser. Precisamos de serenidade para viver e apreciar as sensações mais sutis. Acredito ser esta a diferença entre amor e paixão. A cataclísmica euforia da paixão com o enorme e sutil prazer do amor. Ops, saí do tema. Voltando... O problema aparece quando nos viciamos na euforia. Assim, começamos a acreditar que esta é o normal e deveríamos permanecer nela. Fazemos uma comparação com nossas vidas e as vemos com menos graça e entusiasmo, já que passamos a ignorar o que é belo, fundamental e sutil.

Dessa forma passamos a encarar a vida com uma perspectiva mais pessimista e triste, mais depressiva. É importante vivermos tudo aquilo que possa nos elevar. Mas o que é importante é darmos os devidos lugares às diferentes partes da nossa vida. Tudo é importante, mas todo vício é destrutivo.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Sobre o BBB

Antigamente pensava, ou achava sem pensar, que o BBB era o que de pior poderia ser oferecido ao público televisivo. Uma forma fácil de ganhar dinheiro, um entretenimento vazio e sem propósito. Essa posição é fácil, e muito aceita no mundo daqueles que gostam de se sentir inteligentes.

Acredito que o auto questionamento (ou seja lá como se escreve) é o caminho da elevação pessoal. Sendo assim, questionei. E meus pensamentos me mostraram pontos interessantes antes negligenciados. Nas próximas linhas tentarei ilustrar.

Minha opinião é que nada é mais vasto e complexo do que o ser humano e seus relacionamentos. Como então, um programa que trabalha exatamente isto poderia ser fútil ou vazio? Podemos alegar que as pessoas participantes são em sua maioria escolhidas por sua beleza, e não por sua capacidade intelectual. Mas eu pergunto, por TALVEZ serem mentes menos brilhantes se tornaram pessoas menos interessantes, com emoções e relações menos complexas? Grandes estudos são feitos com analfabetos, isso nunca foi um impedimento para a criação e ampliação do conhecimento.

É fácil retirar conhecimento daquilo que o expõe, como um livro. Mas será que a inteligência pode ser medida pela nossa capacidade de aprender com o explícito ou com nossa capacidade de CRIAR o conhecimento retirado e polido do nosso confuso Universo? Será obrigação da TV nos passar conhecimento ou estamos preguiçosos?

Mais um ponto interessante. O BBB, através de diversos fatores como a competição e o isolamento, funciona como uma verdadeira incubadora emocional, nos permitindo visualizar o que demoraria meses ou anos para se constituir. Podemos considerar que o programa sirva de laboratório, que mentes abertas e capazes podem utilizar como ferramenta de estudo.

Pré-conceitos são importantes para a vida, mas precisamos abrir mão deles quando a realidade se mostrar contrária aos mesmos.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Essa música me intriga. Acredito, sem muita certeza, que o eu-lirico seja uma mulher estremamente forte, capaz de sacrificar a si pela vivência do amor. Exaltando aquelas características que mais se encaixam com o parceiro. Dessa forma ela molda sua personalidade. Ainda sim, se apresenta-se extremamente firme quando o amor é irreal. Acredito que esta visão forte é influenciada pelo timbre da cantora (que eu adoro).



Você pode me ver do jeito que quiser
Eu não vou fazer esforço pra te contrariar
De tantas mil maneiras que eu posso ser
Estou certa que uma delas vai te agradar

Porque eu sou feita pro amor da cabeça aos pés
E não faço outra coisa do que me doar
Se causei alguma dor não foi por querer
Nunca tive a intenção de te machucar

Porque eu gosto é de rosas e rosas e rosas
Acompanhadas de um bilhete me deixam nervosa
Toda mulher gosta de rosas e rosas e rosas
Muitas vezes são vermelhas mas sempre são rosas

Se o teu santo por acaso não bater com o meu
Eu retomo o meu caminho e nada a declarar
Meia culpa cada um que vá cuidar do seu
Se for só um arranhão eu não vou nem soprar

Porque eu sou feita pro amor da cabeça aos pés
E não faço outra coisa do que me doar
Se causei alguma dor não foi por querer
Nunca tive a intenção de te machucar

Porque eu gosto é de rosas e rosas e rosas
Acompanhadas de um bilhete me deixam nervosa
Toda mulher gosta de rosas e rosas e rosas
Muitas vezes são vermelhas mas sempre são rosas

Adriana Calcanhoto - Seu Pensamento

Adoro esta música! Gosto de tentar adivinhar onde os personagens se encontram. Será que estão separados, será que já possuem um relacionamento? Ou estão calados, lado a lado contemplando algo.



A uma hora dessas
por onde estará seu pensamento
Terá os pés na pedra
ou vento no cabelo?

A uma hora dessas
por onde andará seu pensamento
Dará voltas na Terra
ou no estacionamento?

Onde longe Londres Lisboa
ou na minha cama?

A uma hora dessas
por onde vagará seu pensamento
Terá os pés na areia
em pleno apartamento?

A uma hora dessas
por onde passará seu pensamento
Por dentro da minha saia
ou pelo firmamento?

Onde longe Leme Luanda
ou na minha cama?

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Verdade Relativa

Sempre penso melhor quando meu corpo está ocupado com alguma atividade. Andar, lavar louça e jogar iô-iô são minhas favoritas. Num desses momentos meu pensamento foi carregado para o assunto das verdades e mentiras.
Certamente, muitos de nós temos a idéia que a mentira é o que não é verdade e a verdade é a verdade, oras. Mas será mesmo tão simples? Acredito que a forma mais simples de vermos a verdade é considerá-la como aquilo que replica a realidade, o que é fato. Mas se pensarmos mais a fundo veremos que o fato é nosso interpretação destes, nossa percepção do universo que nos cerca. Sendo esta percepção pessoal e diferente, podemos ter duas verdades de um mesmo evento. Logo a verdade é uma interpretação pessoal, relativa. Se assim for, a mentira só pode ser atestada se compararmos o que o indivíduo posicionou com o que este próprio acredita. Nessas condições só o próprio ser pode ser juiz de seus atos. É evidente que eu retiro o fator comunidade. Essa questão abordarei outro dia, se houver louça para lavar, rs.

Tristeza, confusão e dor. A Santíssima Trindade Reversa

Hoje a tristeza me assaltou ferozmente. Era tão implacável que oprimiu meu peito. Não que a histeria seja algo novo para mim, mas sempre me surpreendo. Me corpo tinha um peso enorme, na verdade uma resistência. Minha mente era um emaranhado de vozes indistinguíveis. Por que não se calam? Só me trazem confusão!

É impossível parar de pensar e sentir. Não há torpor, não há anestesia. Meu pensamentos se rebelam e nutrem os sentimentos mais indesejáveis. Este processo se mostra acumulativo e cativante. Meu cativeiro é a dor ou sinto-a por estar cativo?

Meus sentimentos gritam em um coro esquizofrênico. Já não é claro a origem, nem seu objetivo. Não saberia dizer o que melhoraria, o que apaziguaria este Carnaval macabro. Só posso visualizar dor e confusão. Arre impotência! Nada posso fazer, não sei quais são os lados dessa batalha. Não sei qual é o lado em que eu acredito. Nem ao menos sei pelo que cada lado batalha. Batalha? Será mesmo? Ou tão somente se misturam como em uma orgia de sentimentos e pensamentos. Não me vejo capaz de sair, pois não posso entender mais onde estou. Quando ficou tão confuso? Quando me tornei a própria dor? Serei agora um devoto desta religião? Dissemino-a inconscientemente?

Nada mais é lógico, mas tudo faz sentido.

Gostaria de me libertar, mas mesmo o choro me foi negado. A garganta treme, o peito infla, meu rosto cora, meu olhos se enchem d’água, e de repente tudo cessa. A tristeza se mostra soberana e tirânica. Procuro forjar minha saída. Sinto a água caindo sobre minha cabeça. Esta escorre por meu rosto e passa por baixo dos olhos. Por que não funciona? Por que não me é permitido o alívio? Será esta água o meu batismo? Para que vida renascerei?

Não vejo respostas, só tristeza, dor e confusão...

Ulises dos Anjos Carvalho

O Início

Com o passar do tempo fui condicionado a acreditar que o dom da escrita me fora negado. Hoje, já não saberia responder se escrevo bem ou não. A verdade egoísta por trás deste blog é utilizá-lo como um meio catártico. Não substitui a análise, mas serve como valvula de escape. Além disso posso compartilhar com os interessados (se houver algum) minhas visões do mundo. Sabendo que todas as visões são distorcidas, o nome do blog foi escolhido por lentes serem formas benéficas de distoção da imagem.
Espero que esta minha empreitada tenha sucesso, que no caso seria sobreviver ao segundo post.
Aproveito o espaço para agradecer desde já aos amigos que obrigarei a ler isto.