terça-feira, 9 de março de 2010

Drogado

Ando drogado esses dias. Após meses de uma intensa queda de felicidade, cheguei ao ponto de perder toda a esperança e vislumbrar o fim, não mais uma sombra disforme, mas algo palpável e terrivelmente real.

Lutei contra o desespero com todas minhas forças. Não havia um dia sem dor. As lágrimas vinham até os olhos, mas graças à uma psique doente e masoquista, elas voltavam, não me dando o alívio do choro. As cores tinham-se ido, os sons não mais me ligavam ao mundo, me torturavam. Qualquer momento em que me encontrava sem atenção condicionada era sufocante e aterrador.

Aí veio a droga. Confesso que não fui eu quem a procurou, tão pouco a administrei. Porém, tive escolha, e aceitei de bom grado. Sei de suas possíveis conseqüências negativas, mas nada mais posso fazer. Ela está em minha mente, deixando-me feliz. Gera energia aos músculos, antes pesados e fracos. Torna minhas previsões otimistas. Devolve as cores e a música. Torna os momentos vazios em deliciosos momentos de reflexão. Quase abandono o blog, já que este surgiu como uma forma de lidar com esta dor, que por hora se foi. Voltou para as sombras.

Esta droga porém é muito perigosa, pois meu organismo não suporta seus efeitos negativos. Sei que estes podem nunca aparecer, mas se assim o fizerem não haverá nada que segurará minha queda.

Esta droga é a esperança que corre em minhas veias, em minha mente, em minha alma. Infelizmente a realidade, se não for mudada pode destruir seu efeitos e trazer como uma avalanche toda a tristeza, em dobro. Mas estarei sendo tolo se não aproveitar este bom momento. Se o pior acontecer, será definitivo, logo, não devo me ocupar previamente com isso. Viverei cada momento, e se a realidade respaldar a esperança, estarei livre, se não...só vivendo para saber.

2 comentários:

  1. Texto profundo... Estou toda arrepiada.
    Bjs, Chris.

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  2. Essa droga tem que ser inoculada em nossas veias para seguirmos adiante. Vivemos num vaivém de esperança e desesperança, do viver e não viver, do sim que é impregnado de nãos. Vinícius de Moraes ou Tom disseram numa música que o sim seria o descuido do não. A vida é uma grande ilusão? Certamente em alguns momentos; em outros temos a certeza que não. Gosto desse jogo de sins e nãos. Bom seu texto.

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