sábado, 22 de maio de 2010

O retorno / Cavalheirismo

Eu voltei, agora pra ficar........

Estive muito ausente. De certa forma estava jogando toda a minha carga emocional em outros ambientes, como o Cérebro Masculino e principalmente nas muitas matérias da faculdade.

Porém, senti muita falta de um local para me expressar com liberdade. Onde eu posso colocar o que eu quiser como e quando desejar.

Pois bem, estive nesses últimos dias passando por uma reformulação interna(outra).Numa faculdade de Psicologia é impossível para quem pensa não associar com o mundo à sua volta. Não digo que saio catalogando todos na rua, não é isso, mas passei a ver de outra forma as relações. Principalmente as sexo-afetivas e as sociais.

Certa vez fui a um café da manhã de ex-alunos do meu antigo colégio São Bento do RJ. Este só aceita meninos. Seu alunos são instigados a se sentirem superiores aos demais e principalmente superiores às mulheres. Sempre disse isso, mas foi um diálogo neste dia que eu pude perceber que isso era mais explícito do que eu imaginava.

Uma pessoa que nunca tive muito contato se aproximou. Começamos a conversar, quando eu expus minhas questões com o colégio. Ele, imediatamente, colocou o quanto era orgulhoso de ser ex-aluno e que, se algo o tornava especial, era o fato de ter pertencido àquele colégio. Também afirmou que se sentia superior aos outros, mas com muito orgulho disse que era capaz de disfarçar isso com educação.

Depois, em outra parte da conversa revelou que se sentia superior as mulheres, e que usava o cavalheirismo para escondê-lo.

Então podemos calcular que: machismo + educação = cavalheirismo

É muito importante lembrar que ser gentil e educado é muito importante, mas por que fazer distinção entre homens e mulheres? Qual a diferença entre os gêneros que faz um grosso com outros homens se tornar uma flor com outras mulheres? Será que não é por achar que essas mulheres são inferiores e precisam da ajuda masculina para viverem? Será que essa pessoa não acredita que se não fizer para a mulher ela nunca será capaz de fazer? Será que muitas mulheres também não deixam de tentar sabendo que um homem pode resolver por elas?

Devemos sempre buscar um equilíbrio entre uma relação. É evidente que temos nossos limites, mas isso não é motivo para não tentarmos quebrá-los. Se numa relação existir uma escala de superioridade e inferioridade entre os parceiros, o companheirismo - atributo fundamental numa relação ao meu ver - se tornará inviável. Somos todos limitados, somos todos imperfeitos, somos todos frágeis, somos todos fortes, somos todos humanos, somos todos diferentes, somos todos iguais.

Ulisses Carvalho

3 comentários:

  1. É vero. Há muitas pessoas arcaicas neste mundo, principalmente no que diz respeito às mulheres. A escritora Anais Nim disse num texto que os homens de hoje não estão preparados para a nova mulher, que surgiu e, está cada vez mais tomando seu espaço nesta sociedade machista. Acho que esses homens se sentem de certa forma ameaçados de perder o espaço no centro da ribalta. São territorialistas. O que você acha?

    ResponderExcluir
  2. Acredito que exista uma forma sutil de se manter no controle sem aparecer. Quando uma mulher se encontra cercada por homens, esses fazem questão de oferecer tudo o que ela poderia queres, se preocupam com os mínimos detalhes para que ela possa ficar confortável.O problema é que jamais fariam o mesmo com outros homens.

    Poderia-se pensar que o fazem por desejo sexual, mas o que existe por traz é uma forma de mostrar que a mulher depende do homem.

    Certa vez estávamos minha namorada e eu com alguns conhecidos de minha infância. Um deles se levantou e começou a oferecer tudo o que estava disponível, sendo que a mesa estava posta. Depois disso ele se virou para mim e perguntou: "Você não vai cuidar de sua namorada?" Ela respondeu: "Agradeço a gentileza, mas não preciso que cuidem de mim." Ele ficou chocado, pois estava acostumado a uma mulher que se nutria da caridade masculina por ser frágil e incapaz. Essa mulher é fruto tanto dos homens quanto das própria mulheres, que propagam de forma intensa essa diferenciação rígida da qual o machismo se utiliza.

    ResponderExcluir