segunda-feira, 12 de julho de 2010

Respeito

Uma frase solta no ar pescada por uma atrevida audição: "Eu não o desrespeitei, o que fiz não foi nenhum desrespeito. Não posso fazer nada se ele se ofendeu." Esta frase é muito interessante, pois vemos como a relatividade humana se apresenta de forma tão sutil que por vezes não a notamos.

É possível perceber duas pessoas, uma agiu de determinada forma, a outra se sentiu desrespeitada com ação da primeira. Acontece que quando a primeira pessoa agiu, se baseou em critérios de respeito que regram sua própria pessoa, ou seja, ele agiu de uma forma que acreditava ser respeitosa, pois o seria para si. Porém, o outro se ofendeu, pois a ação feria suas regras de respeito.

O problema está na regras. não por existirem, pois elas sempre vão existir, construímos para explicar e nos orientar no espaço social, mas na rigidez com que se apresentam. Essas regras possuem, em sua construção, grande influência do ambiente social, porém a própria psique se mostra como um fator diferenciador. Assim, mesmo irmão gêmeos, criados juntos, terão regras diferente. O conflito surgirá quando tentamos classificar todo o mundo por nossas próprias regras, quando as imaginamos universais.

Quando isso acontece passamos a julgar os outros a partir de nossas próprias regras e atribuímos valores de caracter para os outros. Por isso, uma ação normal para uma pessoa se tornou desrespeitosa para outra. Neste caso o ideal era que o agente se preocupasse um pouco mais em conhecer as regras do outro, e o paciente tentasse perceber que o primeiro agiu de acordo com suas convicções, assim, sem nenhuma intenção de gerar um desconforto.

Em nosso egocentrismo reside grande parte dos problemas de comunicação, já que sempre nos colocamos como aqueles que possuem e seguem as regras universais.

Ulisses Carvalho

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